Nasci no dia 24 de junho de 1981. Tenho dois irmãos, sou o mais novo. Quando nasci minha mãe percebeu que eu era um pouco diferente, porém o pediatra que estava de plantão no hospital garantiu que estava tudo bem comigo. Quando fui pela primeira vez consultar com o pediatra da família ele percebeu algo estranho e me encaminhou para um cardiologista, eu tinha um mês de vida quando iniciei o tratamento com o Dr. Jarbas J. Dinkhuysen do Hospital do Coração, ele constatou Hipertrofia Septal Assimétrica. Quando tinha um ano e meio fui submetido a um cateterismo, após este estudo hemodinâmico constatou-se estenose aórtica supravalvar, sem necessidade de cirurgia. Este defeito congênito não causou nenhum tipo de influência no meu desenvolvimento físico. Até hoje, periodicamente, faço exames RX, Ecocardiograma e Eletrocardiograma para avaliação.
Tudo comigo aconteceu lentamente: engatinhar, andar, mastigar, falar, aprender. A coordenação motora era bem comprometida. Minha mãe começou um longo caminho de buscas de profissionais. Eu tinha uma equipe multidisciplinar que cuidava de mim. O pediatra, cardiologista, neuropediatra, fonoaudióloga, psicóloga. Durante muitos anos, fui muito estimulado. Na escola foi o grande problema, dos três aos quatro anos fiquei numa escolinha particular, dos quatro aos cinco anos numa Escola Municipal de Educação Infantil, dos seis aos oito anos em Escola particular, aos nove anos fui estudar numa Escola Municipal de Educação Especial até aos 12 anos, nesta época eu queria muito estudar na escola onde meus irmãos estudaram e minha mãe trabalhava então me transferiram para uma classe especial que funcionava dentro da Escola Municipal de Primeiro e Segundo Graus no meu bairro. Quando tinha 15 anos me colocaram numa classe “comum” de 2ª. série, o que se fala muito hoje de Inclusão Social é o que tentaram comigo naquela época, que não deu certo, eu era muito alto perto das crianças de 7 anos. Fui muito discriminado e motivo de “chacotas” se naquela época já existisse o bullying, talvez eu e minha mãe não tivéssemos sofrido tanto.
Bem, passei para o Curso de Alfabetização de Adultos (Supletivo) que para mim foi bem melhor, consegui chegar até a 8ª. Série. Foi esta a minha trajetória de estudos, fiquei na escola durante 23 anos. Aos 16 anos comecei um tratamento psiquiátrico com Dr. Raymond Rosenberg. Tomei Ritalina por um tempo para melhorar a concentração. Nesta época ainda não sabia que tinha Síndrome de Williams. Certo dia fiquei muito nervoso e me deu arritmia, minha mãe me levou no Sancor em Santos para fazer um ecocardiograma, onde encontrei a Dra. Sueli que olhou para mim e disse: O Leonel tem Síndrome de Williams? Ela com a sua experiência e pela minha fisionomia deu o alerta. Minha mãe pesquisou bastante na internet e viu que poderia ser sim, porque eu apresentava todos os problemas de um portador da síndrome. O Psiquiatra pediu o exame de Cariótipo. Fiz o exame no dia 02 de setembro de 2000 e o FISH apresentou o seguinte resultado: 99% nuc ish 7 q11.23(ELNX)[300]células contadas.
No momento não estou trabalhando, mas já fiz alguns cursos como: Programa de Iniciação do Menor, pelo SENAI – Mecânica de Autos, em 1998 e Auxiliar de Pedreiro em 2001. Já trabalhei na APAE de Cubatão (SP) como Monitor na Oficina de Marcenaria, Setor de Jardinagem e Auxiliar de Manutenção de computadores. As coisas que mais gosto: ficar em casa na internet (MSN/Orkut/Facebook), ouvir música (menos forró), comer pizza (de brócolis) e assistir TV (Rodrigo Faro), ficar com a família e bater papo.