Era domingo, dia 17 de novembro de 2001. Onze horas da noite, e o Jean veio ao mundo. Pesando 2,500 kg, magrinho e muito chorão. Começou aí uma nova fase da minha vida.
Logo ao nascer percebi que o Jean era diferente da irmã dele e dos demais parentes. Ele era muito pequeno e magrinho. Os primeiros dias foram de muito choro dele, e muito desespero meu. Ele não aceitava o leite materno, sentia muitas cólicas, não dormia à noite, era uma verdadeira loucura. Precisava me adaptar por que minha primeira filha era muito tranqüila quando bebê.
Foi muito difícil. Os primeiros meses de vida dele me deixaram desesperada, não sabia como alimentá-lo, teve um período de nossas vidas que a pediatra me mandou fazer sopa doce, colocar açúcar em vez de sal, pra tentar fazer com que ele comesse, não sabia como colocá-lo pra dormir, passava as noites revezando com meu marido na tentativa de fazê-lo pegar no sono, levava-o ao médico e não tinha resposta, eu só sabia que precisava de ajuda. As pessoas olhavam pra ele e perguntava “ele tem algum problema?”
Jean andou com um ano e três meses, falou quase aos três anos. Até hoje ele tem dificuldades pra se comunicar. Fez uma cirurgia de hérnia epigástrica aos seis anos de vida, eu quase entrei em pânico quando o médico me falou que precisava operá-lo, sempre o senti muito frágil. Só depois de quase sete anos é que através da internet descobri que o Jeanzinho é SW. Bom, começamos uma nova maratona, desta vez pra sabermos o que e como tratá-lo.
É… foi muito difícil, ainda é muito difícil, mas está valendo a pena.
Depois do Jean, pude perceber que me tornei melhor, com um coração apaixonado e com uma força enorme. Claro que às vezes passamos por situações difíceis, mas Deus é maior, e vamos lutando por dias melhores.
Ah! E antes que me esqueça: o Jean não tem problemas, problemas têm as pessoas que não conseguem sentir o tamanho do amor que ele tem pra dar.
Socorro Guilhon