Como é o funcionamento cerebral de pessoas com a síndrome de Williams em tarefas de linguagem e cognição social?
Essa é a principal questão que motivou a proposição do estudo intitulado “Correlatos Neurais do Desenvolvimento da Linguagem e da Cognição Social na Síndrome de Williams”.
Trata-se de um estudo financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) de Portugal, sobre a responsabilidade da Dra. Adriana Sampaio, coordenadora do Laboratório de Neuropsicofisiologia da Universidade do Minho (UMINHO) de Portugal. O estudo é inédito no Brasil, e será conduzido por pesquisadores de Universidades do Brasil (UNESP-Marília, USP-São Paulo e Mackenzie) e de Portugal (Universidade do Minho). O estudo também conta com a colaboração de pesquisadores internacionais de outras importantes universidades do exterior.
Neste estudo os pesquisadores propõe investigar como é o funcionamento cerebral de pessoas com e sem a síndrome de Williams durante a execução de tarefas que requerem o uso de habilidades de linguagem e de cognição social.
As habilidades de linguagem (compreender e expressar ideias por meio de gestos, da fala e/ou da escrita) e de cognição social (identificar e compreender estados mentais – expressões faciais de tristeza e felicidade, de interpretar desejos e comportamentos expressos por outros) são adquiridas ao longo do desenvolvimento da criança – com e sem a síndrome de Williams – pela interação de fatores neurobiológicos, psíquicos e socioculturais.
Por que investigar diferenças e semelhanças sobre o funcionamento cerebral de pessoas com a síndrome de Williams e pessoas sem a síndrome?
Ao comparar o funcionamento cerebral de indivíduos com e sem a síndrome de Williams, os pesquisadores poderão investigar quais são as semelhanças e possíveis diferenças no funcionamento cerebral dos mesmos.
Ao longo dos anos, vários estudos têm mostrado que indivíduos com a síndrome de Williams apresentam habilidades de linguagem e de cognição social distintas de pessoas sem a síndrome. No entanto, essas diferenças ainda não estão bem esclarecidas no que diz respeito ao funcionamento cerebral durante tarefas de linguagem e de cognição social.
Assim, espera-se que os resultados obtidos nesse estudo permitam melhor compreender os pontos “fortes e fracos” apresentados pelas pessoas com a síndrome nas questões do neurodesenvolvimento, relativas à linguagem e a cognição social. Almeja-se que tais informações possam subsidiar planos de intervenção mais objetivos e específicos às necessidades de pessoas com a síndrome de Williams, por parte dos profissionais da saúde e da educação. Bem como na orientação dos pais sobre os aspectos do desenvolvimento da linguagem e da cognição social dos seus filhos com a síndrome.
Como será conduzido este estudo?
O estudo será realizado em dois momentos, sendo imprescindível participar das duas etapas:
(1) Os participantes responderão a uma bateria de testes cognitivos e de linguagem que serão aplicados por psicólogos e fonoaudiólogos. Estes testes avaliam, por exemplo, o desempenho dos participantes em tarefas de memória, de raciocínio, de conhecimento de vocabulário, de reconhecimento de expressões faciais, dentre outras habilidades.
(2) Os participantes serão submetidos a dois tipos de exame do cérebro, os quais serão realizados ao mesmo tempo. Será realizada ressonância magnética funcional, que permite visualizar qual a área do cérebro que está sendo ativada (funcionando) no momento em que o participante executa uma tarefa específica, como por exemplo, ouvir frases. E, ao mesmo tempo, o participante estará com eletrodos na cabeça os quais farão o registro da atividade elétrica cerebral por meio de um eletroencefalograma.
Assim, ao mesmo tempo em que são obtidas as informações relativas às áreas cerebrais ativadas são também obtidas informações sobre a atividade elétrica do cérebro, tudo relacionado a uma tarefa específica (e.g. compreensão de frases, julgamento de emoções por meio de faces). É importante ressaltar que tratam-se de duas técnicas não invasivas, indolores e que não requerem sedação. Ou seja, o participante deve se estar acordado durante todo o exame.
Onde será realizado o estudo?
No Setor de Ressonância Magnética do InRad, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), sob a coordenação do Prof. Dr. Edson Amaro Junior.
Quais são os critérios para participar e como participar?
– Os pais e/ou responsáveis devem consentir a participação do seu filho.
– Todos os participantes devem ter idade entre 6 e 30 anos
– Participantes com a síndrome de Williams com diagnóstico laboratorial confirmado (FISH ou molecular).
– Participantes sem a síndrome constituirão o chamado grupo controle, para fins de comparação com o grupo com a síndrome de Williams. Assim os participantes “controles” não poderão apresentar: diagnóstico de problemas genéticos ou neurológicos, história prévia de fracasso acadêmico ou de dificuldades na fala.
Quando saberei o resultado do estudo?
Toda pesquisa acadêmica requer que sejam cumpridas etapas e aplicação com rigor dos métodos que foram propostos, desde a coleta de dados (realização do exame de ressonância e aplicação dos testes cognitivos e de linguagem) até a análise de todos os dados que foram coletados. Assim, frequentemente esse tipo de estudo leva tempo para ser concluído. Mas, caso seja identificado algum aspecto particular ao seu filho(a), a família será imediatamente comunicada.
Para mais informações entre em contato com a Associação Brasileira da Síndrome de Williams ou com a pesquisadora Dra. Natalia Freitas Rossi pelo e-mail: nataliafreitasrossi@yahoo.com.br